PLANO DE AULA COM UTILIZAÇÃO DE MÍDIA DIGITAL

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A Linguagem do Século XXI – possibilidades de contribuições das tecnologias

Ao ler a entrevista do professor Pedro Demo, pude observar sua preocupação quanto aos desafios que os egressos da escola enfrentarão quando forem para o mercado de trabalho, preocupações essas, voltadas para a falta de aprendizado do uso de computadores. Felizmente, também posso observar que, nesse quesito, o Estado do Tocantins está à frente de muitos outros estados, pois são pouquíssimas as escolas que não têm laboratório de informática, e vários professores têm se preocupado em utilizar o computador como mais uma ferramenta na mediação das aulas. Outro quesito que o Tocantins está à frente de alguns estados, é quanto ao ensino nas séries fundamentais, que, orientado pelo programa Circuito Campeão, vem estimulando o aluno à leitura, à produção de textos; de forma lúdica, descontraída, mas responsável. Com este programa, as crianças recebem todos os estímulos necessários por meio de recursos multimodais. É certo que há necessidade de avançar muito mais, pois algumas escolas que têm os laboratórios de informática ainda não podem contar com a internet, então o professor tem que se virar baixando vídeos e etc., trabalhando com hipertexto. Mas como nem tudo é flores, infelizmente, alguns professores ainda não entenderam como trabalhar na escola e acompanhar- a vida real - termo usado pelo professor Pedro Demo, pois ainda querem, de fato, usar a linguagem de Gutemberg. Nesse sentido, esses professores estão entendendo que precisam renovar sua prática, porque acabam pressionados pelos colegas que já perceberam só ser possível obter êxito no ensino se acompanharem o ritmo das crianças.
Concordo com o sociólogo quando ele diz: “eu não acho errado que a criança que usa a internet invente sua maneira de falar.” Acredito, porem, que a escola deve encontrar um modo bem especial de conduzi-las ao entendimento de que existe uma língua padrão e que elas precisam dominá-la também.
O professor Pedro tocou em outro ponto importante, sobre o professor de hoje ser vítima de uma pedagogia ultrapassada. Mesmo nos cursos de licenciatura atuais os professores ainda não estão sendo preparados para lidar com a linguagem do século XXI. Cabe, pois, a cada professor, correr atrás, buscar novos aprendizados, ser criativo. Além do empenho de cada professor, o sistema educacional deve cuidar desse educador: apoiá-lo em suas buscas, mas, sobretudo, subsidiá-lo por meio de formação continuada.
Conforme diz o professor Pedro em sua entrevista na p.135:

“A pedagogia precisa inventar um professor que já venha com uma cara diferente, não só para dar aulas e que seja tecnologicamente correto. Que mexa com novas linguagens, que tenha blog, que participe desse mundo – isso é fundamental.”

Sim, há a necessidade dessa arrancada por parte pedagogia, mas é possível que professores vindos de uma pedagogia arcaica, aprendam a lidar com as novas tecnologias, assuma esse desafio para interagir melhor com seus alunos, pois é por meio da interação que há aprendizado. Entende-se também, que o esforço por si só é bem maior, que se esse professor fizer cursos de aperfeiçoamento, um curso maior como pontua o sociólogo Pedro, o seu crescimento é rápido. No entanto, vale salientar que tenho presenciado professores engajados, mergulhando nesse oceano digital, no intuito não só de apreender o máximo de novidades e se apropriarem para trabalhar o conteúdo programático com seus alunos, mas ir bem além; proporcioná-los o convívio com as ferramentas que eles estão acostumados a usar, fazendo assim da aula um momento prazeroso para ambos: alunos e professores. Certamente há ainda professores precisando acordar para essa realidade, e sem dúvida, os cursos de pedagogia poderão ajudá-los. É necessário pontuar ainda que esses cursos precisam ficar mais atentos para o que acontece, de fato, dentro do espaço escolar.

CURRÍCULO DESENVOLVIDO NA AÇÃO

Foi gratificante trabalhar o passo a passo do Artigo de Opinião partindo de assuntos polêmicos propostos pelos próprios alunos. Assim ficou bem mais fácil para eles o reconhecimento do tema, da tese e de argumentos, além de facilitar o reconhecimento de elementos que garantam a coesão (anáfora, catáfora) e a coerência textual. Outro ponto importante foi a interação dos alunos com a comunidade por meio de entrevistas, a fim de saberem a opinião das pessoas do bairro a respeito dos temas levantados.
Os conteúdos trabalhados se integram ao currículo das disciplinas envolvidas, pois fazem parte da Proposta Curricular para o Ensino Médio.
O projeto conduziu o aluno a utilizar diversas linguagens, entendendo que quanto mais as linguagens se integram, maior o grau de compreensão dos conteúdos trabalhados.
Analisar Artigos de Opiniões que estavam voltados para os temas propostos por eles garantiu o interesse e a melhor compreensão. Analisaram
partindo do tema até a conclusão, fizeram a progressão temática de alguns textos, atividade que garantiu a confiança para a produção do próprio texto.
Ao usar os recursos tecnológicos houve a diversificação metodológica e os alunos se sentiram motivados, pois estavam presentes, linguagens que já fazem parte do seu dia-a-dia, não apenas aquelas cobradas de forma monótona pela escola.

Socializando Experiência com Projeto

Felizmente já tive oportunidade de trabalhar com vários projetos em sala de aula e tive também oportunidade de motivar professores, em escola na qual dirigi, a trabalhar projetos que permitissem aulas com uso de tecnologias e diferenciadas, das quais os alunos tivessem prazer em participar. Vários professores realizaram trabalhos excepcionais com uso de tecnologias e como não é possível falar de todos, quero destacar o projeto do Professor de matemática: Marcos Antonio Silva, da Escola Estadual Carmênia Matos Maia, visto que foi um dos primeiros professores a trabalhar aulas apropriando-se de recursos tecnológicos.
O trabalho girou em torno do Eixo Norteador: “Tratamento da Informação” e procurou conduzir os alunos a desenvolver a observação e aplicação dos dados estatísticos no mundo em que vive e também pesquisar, ler, construir e analisar, com dados estatísticos, gráficos de linhas e de barras. Os conteúdos se integram ao currículo das disciplinas envolvidas, pois trata-se de Organização de Dados e Gráficos, conteúdos esses apresentados no Referencial Curricular para o 9º ano do Ensino Fundamental. Espera-se com esse trabalho que o aluno chegue à competência de ser capaz de construir gráficos e de utilizar-se da Estatística em função do uso atual para compreender e também contribuir com as informações veiculadas em seu contexto.
A tecnologia foi essencial para que as aulas atingissem os objetivos esperados: prender a atenção dos alunos, a fim de que eles aprendessem o conteúdo. Dois temas transversais foram objetos de pesquisa, servindo de banco de dados para posterior construção dos gráficos. Foram eles: Meio Ambiente e Pedofilia. Os alunos, sob a orientação do professor foram ao laboratório de informática e pesquisaram vários conteúdos concernentes aos temas acima citados. Ainda sob orientação do professor, analisaram, anotaram dados, discutiram em sala de aula, fizeram entrevistas sobre os dois assuntos com a comunidade local, voltaram outras vezes ao laboratório e construíram gráficos utilizando todas as informações coletadas. Socializaram os conhecimentos adquiridos e organizados em gráficos, em sala, com os colegas. Os alunos gostaram muito das aulas e se empenharam bastante na realização de cada atividade. Os recursos utilizados: Régua, caderno para construir as tabelas, computador, internet e Data Show.
Vejam algumas fotos dos alunos trabalhando:

AS CONTRIBUIÇÕES TECNOLÓGICAS POSSIBILITAM MUDANÇAS NA EDUCAÇÃO, DESDE QUE BEM APLICADAS

Só é possível acompanhar o ritmo de aprendizado dos alunos da atual geração se nos apropriarmos da tecnologia, porém, esse uso deve ser bem articulado, deve haver um bom planejamento de aula com objetivos definidos do que o professor espera que o aluno desenvolva a nível de habilidades em cada aula desenvolvida. O que acontece é que muitos professores ainda não estão conseguindo usar os recursos tecnológicos satisfatoriamente e os conteúdos acabam sendo apreendidos, pelo aluno, de forma fragmentada o que não é objetivo ao pensarmos o uso das tecnologias na escola, pois espera-se que as tecnologias ajude o educando a fazer a contextualização, descobrir a intertextualidade presente no texto em estudo seja este verbal ou não verbal, além de ser capaz de recorrer a outros conteúdos (perceber a interdisciplinaridade) e fazer elos de ligação em prol da construção do próprio conhecimento.
Entende-se que ao fazer uso da internet com nossos alunos, abre-se um leque muito grande de estímulo ao aprendizado e de possibilidades de apreensão dos conteúdos. Em consequência disso, os educadores serão pressionados, pela própria globalização em promover mudanças também em seu modelo de planejamento, pois o professor precisará se atualizar constantemente e ficar atento aos acontecimentos de Brasil e de mundo a fim de conseguir ajudar o aluno a descobrir todos os ganchos possíveis que os levarão à compreensão dos fatos. Diante disso, o planejamento não mais se limitará à disciplina ministrada pelo professor.